Onde está sua Alegria?

Todos, em algum momento ou período desta vida, desenvolvemos modos de enxergar nosso mundo, nossos porquês e nossos quês. São eles estereótipos de bondade, alegria, ou até mesmo de maldade.
Como criança pequena que não consegue se alegrar num pai com tendências de reclamar, ficar com tédio, deprimido, frustrado, desanimado, mal-humorado, sinistro, descontente e abatido. Assim somos, alguns de nós, diante de Deus. Mesmo depois de crescidos continuamos imaginando Deus como algum gigante de “João e o pé de feijão” no céu. E, com isso, vivemos uma tentativa de não incomodá-lo, e talvez tentar trabalhar para ele para conseguir algum pequeno favor.
Mas, a base dos nossos relacionamentos não pode ser outra senão o louvor, ou seja, a verdadeira alegria e ou prazer que temos neles. Pessoas louvam espontaneamente o que quer que valorizem, eles espontaneamente nos incentivam a nos juntar ao seu louvor. Observe como apaixonados louvam suas amadas; leitores, seu poeta favorito; caminhantes, a paisagem; esportistas, seu jogo predileto – louvor do tempo, dos vinhos, dos pratos, dos atores, dos motores, dos cavalos, das universidades, dos países, de personagens históricos, de crianças, flores, montanhas, selos raros, besouros exóticos, e às vezes até de políticos e professores. E, tal louvor só é de fato completo quando expresso. Por isso, só podemos dizer que temos prazer em Deus quando o alicerce de nosso prazer for deliciar-se nele, cultivar e ter prazer em sua comunhão e boa vontade.
O grande problema se encontra em não termos alegria alguma e vivermos da alegria de outros. Com isso estaremos sempre condicionados a uma vida de total insatisfação e agindo como crianças que vivem se vangloriando (O meu é maior! O meu é mais rápido! O meu é mais bonito!). O mal de viver assim é que tais pessoas não vivem da alegria de alcançar o que valorizam, em vez disso, vivem dos elogios dos outros. Elas têm um olho em sua ação e outro em seus espectadores. José do Egito foi um tipo de criança, depois jovem e enfim adulto que não se deixou levar pela alegria dos outros, mas por uma alegria que ele tinha em um Deus para lá de circunstancias boas ou elogios. Seus irmãos o venderam como escravo. A esposa de Potifar fez que fosse encarcerado. O copeiro do faraó esqueceu-o na prisão por dois anos. Onde estava Deus em todo esse pecado e desgraça? E onde estava a alegria de ter a Deus em meio a tais circunstancias? José diz que mesmo não sendo rodeado pela alegria e intervenção da família e dos amigos ele confiava na alegria de um Deus que torna até mesmo o próprio mal em bem. Porém, há pessoas tentando entender como pode alguém se alegrar no assassinato do próprio filho, Jesus o Cristo. Elas perguntam entre si: o que dizer do desdém de Herodes, ou da atitude covarde de Pilatos, ou do grito dos Judeus: "Crucifica-o! Crucifica-o!", ou da zombaria dos soldados gentios – quem diria que essas atitudes não eram pecados?
Para que possamos entender tais fatos e ainda viver alegria precisamos agir como o jovem Jonathan (Edwards) que entendeu em seu tempo o modo correto de ver o mundo e os fatos que nele aconteciam. Ele disse que a complexidade infinita da mente divina é tal que Deus tem a capacidade de ver o mundo através de duas lentes. Ele pode olhar por uma lente estreita e por outra de ângulo aberto, ou seja, quando Deus olha para um evento doloroso ou perverso através da sua lente estreita, ele vê a tragédia ou o pecado pelo que ela é em si mesma, e fica irado e triste. Mas quando Deus olha para um evento doloroso ou perverso através da sua lente de ângulo aberto, ele vê a tragédia ou o pecado em relação a tudo o que a causou e a tudo o que deriva dela.

O fato é, as intenções malignas das pessoas não podem frustrar as determinações de Deus. Pois, ele, Deus, não depende de nada para ser feliz, pois dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. E aqueles que o tem como seu Deus passam a ver através de ângulos diferentes, não dependendo mais de uma inconstância de alegria em suas vidas. Pois, a alegria do Senhor (seu Deus) é a sua força.

Autor: Rodrigo Torricelli

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